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conto
,
gula
,
oitavo pecado
,
sofrimento
Sem comentários
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oitavo pecado
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sofrimento
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Gisele Bündchen veste 46
DESSA VEZ,
foram somente trinta minutos. Uma escova dental, um banheiro e mil pensamentos
desordenados, juntos, são um instrumento de alto poder lesivo, quando em mãos
corretas.
Júlia sempre
fora uma criança afável e de fácil manuseio. Nossa, ela é uma boneca!,
exclamava uma. Patrícia ela puxou para você: tem um talento nato para as
passarelas. Vede como é graciosa no andar!, suspirava outra. Ainda bem que só
herdou os genes da mãe, ria-se o pai, orgulhoso. E, sempre bem regada aos
exclamos e suspiros, crescera a pequenina Gisele.
- Filha, não esqueça do ensaio hoje, às 13h!
Como era
gratificante para a mãe ver a filha seguindo seus passos. Em vaidade típica da
profissão, via-se em cada flash; regozijava-se, rememorando o início de sua
carreira.
- Certo, mãe, gritava Júlia, de outro cômodo.
Aquela vida de passarelas não a agradava
muito. A empolgação de Patrícia era-lhe torturante. Por mais que assim
quisesse, não podia sobrepujar os sonhos da mãe, em prol de reles capricho seu.




Joaquim é
o típico homem médio, de estatura mediana, de opinião e dizeres consensuais, QI
aceitável e portador da síndrome do jeitinho brasileiro. Sinto dizer que a
Medicina não se atém às doenças fictícias, resultantes do ócio improdutivo da
bizarrice literária. Resta-me, portanto, descrevê-la com meus próprios
hieróglifos: a síndrome do jeitinho brasileiro acomete todos aqueles que, aqui
nascidos, ou até naturalizados, possuem a missão divina de obrar milagres, e
multiplicar os pães de um salário mínimo; reitero, mínimo. Os principais
sintomas deste mal são: atração magnética pelo verbete liquidação; incríveis
habilidades argumentativas em contratos de compra e venda; compulsão por objetos
de baixo custo, ainda que supérfluos; uso involuntário e contínuo da frase
“parcela em quantas vezes, senhor?”; e, principalmente, tudo é sempre muito
caro (e o dinheiro sempre muito escasso, claro), para o portador desta
síndrome.
Invejo o sol que aquece tuas
curvas. Invejo o vento, bailando, em teus cabelos. Invejo a água que percorre
teus lábios. Invejo o espelho, e a réplica de teus olhos, oblíquos e
dissimulados. Invejo as vestes que protegem tua pele. Invejo, e como invejo!,
os segundos que não mais retornam; em que a felicidade palpitava em meu
sorriso, e transbordava em meus olhos. Não mais sei viver sem os contornos de
tua silhueta e a maciez de tua gargalhada. Não, não mais.
(QUARTO de hotel. Roupas espalhadas por todo o cômodo. Dois amantes, desnudos, abraçam-se em cama de casal. Lençóis brancos com leve odor de lavanda. Abajur como única fonte de luz.)
Lamentável. Este adjetivo bem define a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a favor da estabilidade da
Subida de Jesus ao Monte das Oliveiras, sua crucificação e ressurreição. Não fosse o querido Google, ser-me-ia alheio, até o presente momento, o significado da expressão Semana Santa. Páscoa? Google it! Uma festa cristã que celebra a ressurreição de Cristo. Hum, interessante, não? 