Poemas Avulsos

Corações partidos, 09 de abril de 2011.

Queridíssimo Amor,

Antes de desenrolar minha prosa, devo dizer que não me são intrínsecas as palavras romantizadas e fantasiosas. Digo isso porque o conheço tão bem a ponto de saber que vives a espera de devaneios linguísticos.

Bem, recebi uma missão um tanto quanto enfadonha: devo elencar argumentos (sumariamente convincentes) que vos leve a acreditar o quão somos semelhantes, quiçá idênticos. Como recompensa, receberei do Destino alguns preciosos corações partidos, para avolumar minha estimada coleção. Uma pequena aposta que fizemos. Nada de mais.

Já começo afirmando que derivamos da mesma fonte: o coração. Por isso, somos fortes, insistentes e perspicazes. Quando alguém odeia (ou ama) outrem, ele o faz com todas suas forças. Alimenta-nos com enorme ânsia; prende-nos em fortes correias. Tudo isso porque despertamos em nossos hospedeiros viciantes sensações – sempre acompanhadas de boas doses de adrenalina, lógico. Além disso, aquele que odeia destina considerável parte de seus pensamentos ao objeto de enfoque. Preciso dizer que o mesmo vale para o amor? E, claro, quem ama é capaz de tudo. Coisas bizarras que variam do campo humorístico ao delituoso. Costumo despertar similares reações em meus pupilos. Coincidência, não?

Coração acelerado, mãos em sudorese excessiva, pupilas dilatadas, aumento de pressão arterial. Estamos falando de você ou de mim? Também não sei. Lágrimas, intrigas, calúnias e picuinhas também costumam ser nossas fiéis companheiras.

Hum, e você já notou o quanto somos solicitados pela imprensa? Por motivos quase sempre idênticos, diga-se de passagem. Crime passional. Homicídio sob encomenda. Pequenos exemplos como estes ilustram perfeitamente minha tese. Ai, ai, devo confessar que crimes passionais sempre me encantam.

Engraçado dizer isso, mas creio que formaríamos um casal perfeito. Mesmos gostos, passatempos e dissabores... Cof, cof. Err... exposta minha dissertação, deixe-me ir. Sempre há muito que fazer. E também não quero tomar mais o seu tempo. Sei o quanto somos solicitados.

Com todo carinho possível,

Ódio.



Escrevi este texto com base nas ideias da poetisa @sara_escritora.