Sapo à milanesa

A INVEJA #3

Sapo no caldeirão (Poemas Avulsos)Invejo o sol que aquece tuas curvas. Invejo o vento, bailando, em teus cabelos. Invejo a água que percorre teus lábios. Invejo o espelho, e a réplica de teus olhos, oblíquos e dissimulados. Invejo as vestes que protegem tua pele. Invejo, e como invejo!, os segundos que não mais retornam; em que a felicidade palpitava em meu sorriso, e transbordava em meus olhos. Não mais sei viver sem os contornos de tua silhueta e a maciez de tua gargalhada. Não, não mais. És única, ó minha amada!

(Segundos depois)

 - Fecha essa cortina, mulher! Não vês que o sol queima meu rosto e o vento resseca minha pele?
 - E essa água toda? Ô, desastrada, banhastes no banheiro ou no meio da sala?
 - Não olhas demais, que outro espelho é caro! HAHAHA!
 - Pensas que vai aonde com isso que chamas de roupa?
 - Ah, não esqueces a cerveja! E sai da frente da TV que tuas gorduras não são invisíveis!
 - E esse riso estridente? Queres acordar a vizinhança?
É, só invejo os tempos de cárcere privado, suspirou a donzela. E foi dormir o sono das princesas que pensam no quão sublime seria um sapo à milanesa.


 # Sugestão de link
1) Texto bastante interessante do psicanalista e terapeuta familiar Roberto Girola: Quando a princesa vira bruxa e o príncipe, sapo.
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