Poemas Avulsos

1ª – Reze para que inspiração o contemple. Despachos, macumbas e simpatias são sempre válidos.

2ª – Encontre uma superfície rabiscável e um objeto rabiscante. Papel e caneta são sempre escassos nestes momentos de desespero.

3ª – Prenda firmemente a inspiração (e a respiração). Cuidado! Ela possui infalíveis técnicas de fuga.

4ª – Escreva, e risque, e risque, e escreva, e risque, e rabisque mais uma vez. No final das contas, haverá mais borrões (e alguns símbolos mitológicos) que letras.

5ª – Traduza seu texto do grego para o português.

6ª – Publique-o em seu blog pessoal. E, claro, reúna todo tipo de esforços artificiais, naturais e sobrenaturais (deuses, santos, orixás e entidades adjacentes). Tudo para que sua conexão não seja acometida por distúrbios tecno-psiquícos, em especial a TPM – Tráfego de Provedor Morto.

7ª – Divulgue, ou melhor, grite aos n+1 cantos do mundo o acontecimento do século (ou seria do milênio?): a postagem do seu texto. Twitter, Facebook, Twitter, Orkut, MSN, Twitter, Delicious, e Twitter novamente. Argh! Esta etapa é um excelente teste de paciência – e de resistência, e de sono, e de tédio...

8ª – Visite louca e freneticamente as estatísticas e comentários do seu blog (mínimo de 10 vezes a cada 20 segundos). Esta etapa costuma levantar – ou destruir – completamente sua auto-estima.

9ª – Algo não saiu conforme esperado? Computador queimou? Cachorro saboreou seu texto? Ou, ainda, lançaram uma mandinga em sua conexão? Não desanime! Se você chegou até aqui, suas técnicas de escrita, de despachos, de resistência física, de tradução e (claro!) seu grau de paciência, indubitavelmente, evoluíram. Em suma, arrisco dizer que você esbanja saúde física e emocional. E, de quebra, ainda está apto a lecionar candomblé.