Água dura em pedra mole

A IRA #2

“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.”
Afirmavam os cabelos brancos este axioma popular.
Imerso em ócio improdutivo, pus-me a matutar,
E contemplei, na inóspita cinzenta, um feixe de literatura,
Debatendo-se em agonia, ávido por qualquer fissura.
Ira e obstinação são frutos da mesma colheita.
É Aquino que nos cede esta assertiva liquefeita!
Quando queres algo e o persegues com imenso afinco,
Encobre-se com uma determinação raivosa de faminto,
Destrói mundos, move montanhas, até teres teu anseio satisfeito.

Então, dizes aqui que há uma Ira positiva?
Sim, sim, caro leitor, por mais bizarro que isto seja,
E por mais que ofenda as verdades (limitadas) de tua igreja.
A Ira reveste o protecionismo materno de defensiva.
De Malo a descreve como impulso vital na busca de um bem,
Outros se tornam sua refém; alguns permanecem mais aquém.
E assim a Ira transmuta-se, de acordo com suas vestimentas:
De um estimável benévolo a torrenciais tormentas!
A lesividade do instrumento determina-se pelo portador. Amém.



 # Sugestão de links:

1) Texto do Prof. Jean Launand, titular da FEUSP, acerca do livro De Malo, de S. Tomás do Aquino: S. Tomás de Aquino e os Pecados Capitais.

2) Excelente texto do escritor Paulo Coelho, enfocando a Ira sob diversos ângulos: Edição nº 139: Quarto Pecado Capital - Ira.

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