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ciúmes
,
peça teatral
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Lágrimas & Sangue
ATO ÚNICO
(Dois quartos separados por um pequeno corredor. Ouvem-se gritos em um
dos quartos. Os berros de uma mulher rasgam a quietude do recinto. Iluminação
média. Foco de luz no centro do corredor.)
(Homem, preocupado, sai de seu quarto em direção à fonte dos gritos)
Homem: (Estarrecido, abre a porta do quarto) (Gaguejando) Ma... Mas... (Estava em choque)
(Mulher grita e gesticula freneticamente ao celular. Lágrimas escorrem de seus olhos. O inchaço desfigurava seu rosto.)
Mulher: (Ao ouvir o ranger da porta, interrompe a conversa ao telefone.
Vira-se. Visualiza uma silhueta masculina. Seu semblante transforma-se,
transmitindo, agora, uma mistura de dor e revolta) Está vendo o que você me
fez fazer? (Palavras misturavam-se aos
soluços, tornando sua voz quase inaudível) Tive que ligar para a polícia! (Estende o celular em direção ao Homem)
Homem: (O franzir de testa é substituído por um grunhido, acompanhado
de um ranger de dentes. Seu corpo estremece de ódio) (Gritando) O
quê, mulher? Você está louca? (Com
incrível habilidade, agarra a mulher pelos braços, sacudindo-a loucamente)
Você está louca? Já estou cansado... (Inspiração
profunda) simplesmente cansado desses seus ataques! (Joga a Mulher contra a parede) (Aponta indicador direito no rosto
da Mulher) (Falando pausadamente) O que você fez dessa vez?
Mulher: (Leva as mãos ao rosto. Desliza as costas na parede e senta-se no chão.
Enterra a cabeça entre as pernas. Choros e soluços ecoam por todo o ambiente) (Gaguejando)
No... no... nosso fi...
(Vinheta de suspense ao fundo)
(Antes de concluir a frase, o Homem visualiza, no canto direito do
quarto, ao lado da cama, um pequeno corpo estirado ao chão. O baque daquela
cena paralisa seus membros. Apenas sua mão esquerda tremia compulsivamente)
Mulher: (De ímpeto, levanta-se e dirige seus punhos, cerrados, em direção ao Homem) Está vendo o que você me fez fazer? (De olhos fechados, agride loucamente o tórax do Homem) Não estava mais suportando
suas saídas diárias com aquela sirigaita! E... e... em uma de minhas crises, lancei
nosso filho contra a chão... (O tom de
sua voz diminui gradativamente) (Silêncio de três segundos) (Gritando) Tudo
culpa sua, seu cafajeste!
Homem: (Como se possuído por uma força estranha, desprende da cintura seu
revólver calibre 38 e dispara dois tiros contra a cabeça da Mulher) (Silêncio.
Dez segundos de transe) (Lança-se ao chão, em direção ao pequenino. Abraça-o, como
se quisesse revivê-lo com o calor de seu sofrimento. Chora freneticamente.)
(Vinheta cessa. Luzes apagam vagarosamente. Cortinas se fecham.)
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