Em busca do Noel

O pequeno Pedro não suportava mais esperar pela chegada do velho Noel. Em seus inocentes cinco anos de idade, ansiava pelo presente que há muito desejava: um belo carrinho de controle remoto. Comportou-se o ano inteiro, esforçou-se para tirar boas notas na escola, evitou brigas com seu irmão adolescente (esta parte foi a mais desafiadora, sem dúvidas). Tudo por uma grande causa.

Um pretenso livro - Capítulo V (Parte 2)

Essa situação mudou quando, após inúmeras agressões sexuais, Luzilda teve uma hemorragia interna. Mas como minha menstruação já chegou? Ainda é dia sete. Luzilda, em vão, tentava conter aquele sangramento com uma toalha velha. Estava dentro de seu quarto, simplesmente desesperada. Não queria chamar a mãe. Sabia que ela investiria mais tempo discutindo do que a socorrendo. Quando, uma de suas irmãs, abriu a porta do quarto, em busca de um pertence qualquer.

Tempo

Tempo (tic tac tic tac). Incrível o quão semelhante é o som entre um simples relógio e uma bomba pré-programada. O relógio também explode. Explode minha paciência, minha carência, minha leve demência. Vamos! Não tenho tempo! (tic tac tic tac). Não posso perder meu tempo! Ao expelir essas frases, o sem-tempo não percebe a incrível contradição em que se inclina: como pode perder algo que sequer possui?

Um pretenso livro - Capítulo III

Luiza embalava no berço os gêmeos, frutos de sua união com Mathias. Luiza amava seu marido mais que tudo. Há pouco tempo o viu quase morrendo vítima de leucemia. Luiza percebia que Mathias estava cada vez mais distante de seus filhos, que não dava ouvidos para o que dizia, que não se preocupava mais em perguntar-lhe como estava, que não a beijava mais, que não possuía sequer interesse de oferecer-lhe amor durante as noites sombrias daquele inverno. O que está havendo?

Um pretenso livro - Capítulo II

Naquele ambiente, o prazer, o gozo e a sensualidade eram virtudes imprescindíveis. A satisfação sexual era o único objetivo. Apenas pessoas de posse podiam freqüentar o cabaré de D. Luzilda. Passar uma noite com uma de suas moças era tão caro quanto hospedar-se em um hotel de luxo. Dona Luzilda não queria saber dos gostos, das preferências, das dores e dos sentimentos de suas prostituas. Apenas preocupava-se em mantê-las sempre magras, bem vestidas e saudáveis o bastante para satisfazer as mais bizarras taras de seus clientes.

Paranóia

Não consigo conter as lágrimas. Elas insistem em atravessar os filtros de minh'alma. Esses malditos pensamentos simplesmente não saem do meu intelecto. Tento, em vão, tirá-los. Nessa árdua tarefa, quanto mais insisto em removê-los, mais profundamente eles penetram nas entranhas do meu consciente.O motivo de tudo isso? Simplesmente não sei. A tristeza muitas vezes nos é acometida por meio de um invólucro de sentimentos racionalmente desconhecidos, caro leitor.

Simplesmente grito

Simplesmente poupe-me. Poupe-me desta farsa. Poupe-me deste fingimento. Poupe-me desta agonia. Poupe-me dessa mentira social. Poupe-me desta máscara que insistes em usar. Até quando viverei sob a sombria luz da camuflagem? Até quando serei obrigado a presenciar tua desprezível decadência? Será que não enxergas o óbvio?
Como queria me libertar. Ver-me livre de todo esse teatro. De toda essa encenação, na qual eu sou o mais fútil figurante e o mais bobo e imbecil protagonista.

Interpretação

Pergunto-me: como palavras tão sublimes e sintaxes tão complexas podem ser resultantes de sentimentos tão odiosos e enfadonhos? Digo isso porque a inspiração sempre insiste em contemplar o poeta em seus momentos de rancor, raiva, ódio, tristeza, tédio ou de incrível prazer. Por quê? Por que simplesmente não posso escrever quando bem entender? Por que muitos insistem em dizer que o dom da escrita pertence a poucos? A palavra é de todos, leitor!

O ato de escrever

Escrevo frases enfadonhas. Escrevo palavras irritantes. Escrevo sentimentos alheios. Escrevo sentimentos esquecidos, próprios e inacabados. Escrevo porque sinto. Escrevo simplesmente porque quero. Simplesmente arroto as palavras no papel, de forma aleatória, confusa. Escrevo coisas que não possuem nexo para o meu consciente e para a consciência dos demais que crêem em sua sanidade.
Essas coisas, porém, para o meu louco e insano inconsciente, para o meu id, para qualquer outra coisa que designe algo bizarramente incompreensível, fazem um sentido tão claro quanto a pureza lógica dos números.

Sentimentos controversos

Como posso gostar de alguém assim de maneira tão inesperada e sutil?! Será que meus miolos escaparam de meu crânio? Será que minha tão querida razão implorou um divórcio? Não! Simplesmente não quero sentir, não quero expelir esses sentimentos.
Por que insistes em se castigar? Em privar cada ser de sua essencial libertação? A liberdade só é benéfica quando bem utilizada. Um organismo dominado por endorfina mal é capaz de controlar suas funções.

Um pretenso livro - Capítulo I

Ricardo acordou. Após um certo tempo de latência em sua cama, conseguiu situar-se no mundo real. Notou que uma voz familiar percorria os cômodos de sua casa. Quem poderá ser? Será ele? Não! Não é possível que ela tenha deixado ele entrar! Com um ímpeto fervoroso,  levantou-se da cama e correu em direção à porta. Tentava em vão abri-la. Virou-se para procurar a chave. Quando, nesse momento, deparou-se com uma figura bizarra em sua frente.
Uma sombra? Um vulto? Um fantasma? Não! Era o seu maior inimigo que ali estava. Estagnado em sua frente, com um olhar vingativo. Ele culpava Ricardo por toda a desgraça que havia sido imposta em sua vida.

Tola ilusão

Por mais que tudo, tenho que escrever. Não aguento mais fugir de meu destino de escritor. As palavras me seguem, me contornam, me envolvem, me sublimam. Exigem que eu as exponha, bonitas e suntuosas, em um papel. Que eu as externe. Que eu deposite nelas toda minha angústia e rancor. Elas me amedrontam, me escravizam, me transformam em um simples veículo de sua expressão. Somente elas me usam? Não, claro que não. Antes de irem, deposito nelas toda minha solidão, toda minha angústia, todas minhas dúvidas, todas minhas incertezas, todas minhas indagações. Descarrego nelas toda a tensão de meus pensamentos, na vã tentativa de me sentir mais leve. Como pensamentos ruins pesam!

Difícil decisão

Ponderei. Trabalhei. Arquitetei. Ainda possuía o imenso trabalho de disfarçar minhas horas de dedicação a meu tão arquitetado plano.
Amigos. Sem eles, com certeza, não teria conseguido. Junto a eles pude descobrir a melhor maneira, o melhor caminho, as melhores armas, o melhor dia, o melhor horário. Amigos. Como os estimo profundamente. Conselhos e mais conselhos me foram dados. Aproveitei o que era de mais útil e, ao mesmo tempo, mais prático e eficiente. Sabia que toda ajuda era escassa.

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