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Histórias Cruzadas
A discriminação racial no Brasil
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...). (CF/88)
A PAR da garantia insculpida na Carta Magna, será se a igualdade lato sensu, princípio basilar da República Federativa do Brasil, ultrapassa os limiares estabelecidos pela letra da lei? Ou será se essa norma restringe-se ao campo meramente material, posicionando-se mais como uma norma programática que cogente?
Tais questionamentos foram despertados em meu intelecto pelo
filme Histórias Cruzadas, que retrata, sob o viés das empregadas domésticas, a
discriminação racial predominante nos Estados Unidos, da década de 40. As
pobres negras, em apertada sinopse, sofriam as mais cruentas formas de exclusão
social, que perpassavam a proibição de frequentar certos ambientes ao absurdo
de serem tolhidas, por força de lei, a utilizar o mesmo banheiro de seus patrões.

Fora-me induzido um sentimento de angústia e injustiça, que,
ao transpor a esfera do entretenimento, instigou-me a seguinte reflexão: será
se o Brasil, país das diversidades culturais, está isento deste horrendo quadro
de preconceito e exclusão racial? Claro que não, a resposta foi automática. De
modo instantâneo, vieram-me as tristes disparidades estatísticas entre brancos
e negros: os índices de desemprego, pobreza, miséria, fome e demais mazelas sociais
entre negros, indubitavelmente, superam as estatísticas entre brancos. Basta um
olhar nem tão atento para notar que os negros, a par do espaço que veem
galgando no meio social, gradativamente, ainda possuem remuneração e cargos ou
funções inferiores aos dos brancos.
Agora, indaga-se: qual o papel do Estado no processo de
mitigação desse quadro de discrepância? De forma prática, o Estado, basicamente,
tem-se utilizado de ações afirmativas, em especial as cotas raciais, para promover
o utópico nivelamento social. As cotas raciais, ao conceder vantagens no
processo de ingresso ao ensino superior público, visam a suprir a
hipossuficiência socioeconômica dos negros, e, mais que isso, saldar uma dívida
histórica do Brasil, advinda dos tempos de escravidão do Império. Questiona-se:
atos paliativos são suficientes neste processo de quitação social? Como a
própria etimologia aduz, as cotas sociais são paliativas: somente alternativas,
e não soluções.
E, agora, você me questiona, leitor: qual a solução para este desnivelamento étnico? Devo responder que não há solução, meu caro. O ser humano,
enquanto humano for, imporá desigualdades, de modo que seus estereótipos sejam
sempre exaltados, e, como tal, excluirá uns em prol de outros. Em havendo uma atitude mais enérgica do Estado, e somente
assim, a médio-long prazo, mitigar-se-á as desigualdades sociais. Esta transformação, digo-vos, inicia-se no voto eleitoral, durante o processo de escolha de nossos representantes político. É certo que, no entanto, antes de tudo, deve-se sair deste nosso atual estado de estagnação moral. Esta, como toda evolução, devo dizer, demanda um longo e árduo tempo.
Então, leitor, nestas eleições, pense bem antes de escolher seu candidato. Saiba, antes de mais nada, que os rumos de nosso país valem muito mais que um tanque cheio de gasolina ou que benesses em cargos comissionados.
Então, leitor, nestas eleições, pense bem antes de escolher seu candidato. Saiba, antes de mais nada, que os rumos de nosso país valem muito mais que um tanque cheio de gasolina ou que benesses em cargos comissionados.
# Sugestão de links:
1) Ficha técnica do filme Histórias Cruzadas, pelo Cine Click, aqui.
2) Estatísticas de discriminação racial no Brasil, pela Revista Época, aqui.
# Trailer legendado do filme Histórias Cruzadas (The Help):
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