15:06
-
conto
,
discriminação
,
família
,
homossexualismo
,
humor
,
intolerância
Sem comentários


A família perfeita
Uma (falsa) família perfeita
Éramos uma família perfeita, no sentido bíblico da expressão. Marido, mulher e dois roliços e rosados filhos. Como bons católicos, íamos à igreja semanalmente, sempre aos domingos. Jantávamos em requintados restaurantes, preferencialmente aos sábados. Convidavam-nos para todos os eventos festivos, desde aniversários até réveillons. Sempre queriam nos manter por perto, como que à espera que, por um deslize, mostrássemos personalidades grosseiras e selvagens. Éramos impecáveis, no entanto. A vizinhança nos inveja e questionavam-se como uma família poderia ser tão unida e feliz. Devo dizer que éramos excelentes atores.
Meu irmão mais velho, desde os quinze anos de idade, entre
idas e voltas a clínicas de reabilitação, subtraia bens de nossa casa, com o
fito de vendê-los, para satisfazer seu vício em entorpecentes. Meu pai, como
bom marido, há cerca de vinte anos, mantinha uma família paralela, com dois
menores impúberes e mais duas gordas pensões alimentícias. Eu era considerado
por minha mãe a salvação da família. Não cansava de repetir que o Pedrinho era
o único são desta casa. Se se soubesse que sou homoafetivo, excomungar-me-ia,
ou melhor, por-me-ia em uma fogueira, em semelhança aos tempos de glória da
Santa Inquisição. Este exagero até que possui um quê de veracidade, leitor: por
diversas vezes, ouvi-a rebatendo críticas de meu pai, afirmando que era melhor
ter um filho drogado e ladrão que um filho veado. Ria-me ao ouvir esses
absurdos, e sentia pena de sua exígua capacidade mental.

Em um dia cansativo qualquer, retornava a minha casa, um
pouco mais cedo, sob um calor imperioso. Bati à porta algumas vezes e, diante
do insucesso das tentativas, lembrei-me que estava de posse das chaves. Com a
garganta seca e quase sem sinais vitais, derrubei-me no sofá. Gemidos e
palavras distorcidas adentraram, silenciosamente, meus tímpanos, despertando-me de um quase-sono. Curioso, e um pouco temeroso, confesso,
fui à busca da fonte sonora. E, a passos largos, ao adentrar um dos quartos,
para minha não tão surpresa, contemplei minha imaculada mãe em sexo oral com o
irmão de meu pai. Minha gargalhada interrompeu a lascívia de ambos, que ao
longe saltaram, atrapalhados, cobrindo-se entre vestes e exclamações.
- É, eu sou mesmo a
salvação desta família, minha querida mãe. – ri-me e saí, cantarolando.
# SUGESTÃO DE LINKS:
1)Número de divórcios no Brasil é maior, desde 1984, por site de notícias G1, aqui.
2) Relatório brasileiro sobre drogas, por OBID, aqui.
Pin It now!
# SUGESTÃO DE LINKS:
1)Número de divórcios no Brasil é maior, desde 1984, por site de notícias G1, aqui.
2) Relatório brasileiro sobre drogas, por OBID, aqui.
0 comentários :
Postar um comentário