Você não passa de um negrinho inútil, meu caro!

A PREGUIÇA #2
Caricatura de Machado de Assis (Poemas Avulsos)- QUERIDO, olhe para mim - disse D. Leopoldina, pondo as palmas das mãos sobre o rosto do pequenino Assis. – Nunca, nunca acredite naqueles que zombam de sua capacidade, certo? Fez-se uma longa pausa. A genitora sufocou-o com um imenso abraço, como que querendo protegê-lo da caixa de Pandora, alcunhada de mundo. Uma lágrima escorreu-lhe. Sabia que a vida ser-lhe-ia implacável; que não perdoaria sua origem humilde e sua descendência étnica. Inocente, esbugalhou os olhos, tentando compreender o motivo da emoção repentina. Mal sabia que este seria seu derradeiro afago.
Ressalto, leitor, para fins de coerência textual, que a estória, aqui exposta, passa-se no Rio de Janeiro, em 1845, época em que nascer negro era mais que um castigo do destino: era um castigo divino.

Quais são os tipos textuais? (Parte 1)

OS TIPOS textuais são cinco: narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo (ou expositivo) e injuntivo (ou instrucional).
Narração: é o relato de fatos, contados por um narrador, envolvendo personagens, localizados no tempo e no espaço.
Jornal (Poemas Avulsos)É um texto que se caracteriza, quanto ao conteúdo, pela apresentação de fatos, de acontecimentos, e, quanto à forma, pelos verbos no pretérito perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito (mais raramente no presente) e pela determinação clara da passagem do tempo.
A sequência narrativa é marcada pela temporalidade; como seu material é o fato e a ação, a progressão temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço.

A chave da pobreza e da miséria

A PREGUIÇA #1

ESGUEIRAVA-SE, viscoso e úmido, pelos cantos do casebre. A chuva salpicava o telhado, aumentando o diâmetro das já existentes goteiras e criando outras. A estrutura de pau-a-pique cambaleava ao ritmo da ventania. Nem as intempéries da natureza, no entanto, eram capazes de despertar a demência de João Francisco.
- Menino, vai ajudá tua mãe! Num tá veno que ela tá pra se acabá aí, colocando as tigela pra apará a água? – gritava José das Chagas, enquanto esfregava gravetos na lenha, em tentativa vã de acender o forno.
Preguiça (Poemas Avulsos)- Aaaah, pai! – estirou-se no colchão, que, apesar de encharcado, não parecia incomodá-lo. – Cadê a Tonha e o Pedim? Eles faz isso mió que eu! – riu-se, em uma risadinha preguiçosamente debochada.
- Que minino teimoso! Tá veno, Joaquina? – virou-se para a esposa. – Isso é culpa tua! Que, quando eu queria dá umas chinelada nesse muleque, tu acobertava ele! Não, não bate no pobrezim. – disse, afinando a voz. – Agora, tá aí, tudo que a gente manda ele fazê, ele vem com essa desculpa esfarrapada! – suspirou. – Agora, que ele já tá hômi, nem adianta mais! – a raiva transparecia em seu timbre.

Gostou? Então, assine nosso Feed RSS!

Poemas Avulsos


Todos os direitos reservados © Poemas Avulsos | Política de Privacidade