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Gladiadores
Os
raios de sol atravessavam facilmente as escassas nuvens, em ângulo de 45º, no
sentido oeste, naquele fim de tarde de verão. O suor escorria, ondulando em
salientes curvas, um caminho árido e tortuoso, esculpido por sulcos de
cicatrizes e peitorais milimetricamente desenhados. Seus rostos refletiam uma
angústia, que almejava ser fúria, naquele frenesi de emoções e de gritos
desesperados da plateia animalesca. Seguravam na mão direita, ou esquerda, a
depender de variantes canhotas ou destras, uma longa espada, que reluzia um aço
imperioso de 50 centímetros e que sussurrava clamores de milhares de almas por
ela libertadas. Na mão esquerda, fincava um escudo, de 100 centímetros de
diâmetro, decorados minuciosamente por pedras toscas, que, criteriosamente,
amplificavam os gritos das mais horrendas figuras, desde mitológicas a
impressionistas. Aguardavam aqueles que poderiam ser os últimos minutos de suas
vidas, na esperança, quase insensata, de se verem libertos daquela gigantesca
prisão côncava.